18 março, 2009

Capítulo 15.

Estava surpresa. Como assim chamar de 'querida' alguém que deu uma notícia que poderia arrasar a sua vida, e provavelmente arrasou? Num ato de indignação, Carmen fechou o livro e deitou no sofá, não lembrava da última vez que descansou. Lembrou-se de algo que não passava pela sua cabeça a um bom tempo; Seu marido. Sentia saudades dele, das conversas, comemorações, dos momentos juntos, da felicidade e paz que ele trazia. Achava que, com seu amor de volta acabaria com todos os seus problemas e faria do mundo um lugar melhor. Infelizmente ele morreu primeiro que ela em um acidente de ônibus, o que fez Carmen ficar em depressão profunda.
Ela se levantou e analisou; "Bom... Ele morreu antes de mim, se eu morri e vim parar neste lugar, é bem provavel que ele esteja na biblioteca!". Andou apressadamente, mas... para onde? Onde procurar? Pedir informação a quem? Como ele está, o que lê, qual a sua estante? Olhou para o monolito e correu para lá. Pela primeira vez ela concluiu algo sozinha sem a ajuda de ninguém daquele lugar, sentia-se revigorada. Sabia que a sala era muito grande, mas uma hora ou outra tinha que se aventurar. Notou que não havia vento forte no local, então rasgou os babados de seu vestido preto e fez como João e Maria; Um caminho com as tiras de pano. Precisava achar a sua estante como ponto de referência, tentou se lembrar do caminho que fez com Judith na primeira vez.
Caminhou por um bom tempo até achar a sua foto, sorridente e jovem. Agora tinha que fazer um caminho de volta. Como não haviam letras, símbolos, números, somente imagens, talvez a idade das fotos mudem. Observou por todas as estantes que passavam e concluiu que sim, as fotos envelheciam assim como as folhas dos livros. Então o tempo não passava só para as pessoas? Não queria parar para analisar agora e voltou a sua linha de raciocínio original. Seu marido morreu quando ela tinha 32 anos, Carmen estima que morreu com 75, pois sabia que sua filha também morreu com 45 anos, ou seja, a foto está amarelada.
Parecia estar ali a dias, não parava de observar, caminhar, rasgar pedaços do vestido, pois os babados acabaram. Achou algo surpreendente, não era a foto de seu marido; Era pior.

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