Ela queria e muito correr atrás do garoto, mas algo dizia que ela tinha coisas mais importantes a fazer, e seguiu seu instinto. Saiu da sala e foi mais uma vez em direção a porta de Carvalho, precisava entender o que se passava naquele lugar nem que seja uma vez na sua vida. Tudo havia voltado ao normal... Em partes. Parecia estar calmo, pessoas caminhando despreocupadamente, outras escrevendo, lendo, enfim. A mesma coisa de sempre. Só que várias pessoas apresentavam um tom acinzentado, pálido, indiferente. Pareciam não prestar atenção do que acabou de acontecer com elas. Percebia-se que elas ainda não acordaram para suas novas vidas.
Carmen sentou-se ao lado de uma destas pessoas ‘cinzas’; Uma mulher de cabelos pretos longos e escorridos, óculos, roupas executivas, um celular numa mão e uma maleta na outra. Olhava para o vazio.
-Desculpe interromper a sua reflexão, mas... Está tudo bem?
-Não, não está tudo bem –disse a executiva- Vou me atrasar para uma reunião importantíssima, malditos sequestradores! Estão aprimorando cada vez mais as suas técnicas!
-Ah... Bom, eu vou... Ahn... Vou ali.
As peças estavam se encaixando aos poucos na cabeça dela. Pelo jeito as cores e aparências mortas são as mais presentes no mundo ‘vivo’, o mundo tomado pela rotina e grandes ambições. “Então... Será que só agora eu estou realmente vivendo?” Pensou. Mas não podia se basear em somente uma pessoa, precisava cavar mais fundo.
Perto da porta de Carvalho ainda havia dezenas de pessoas desnorteadas e estressadas. Avistou Judith. A senhora também estava com ares curiosos, parecia até que ela nunca tinha visto um acontecimento destes na biblioteca.
-Judith! O que está acontecendo? Quem são essas pessoas?
-Quem me dera saber de tudo. A única certeza que tenho é que estas pessoas vieram do mesmo lugar que nós, mas não trouxeram seus sentimentos junto. Isto é, se alguma vez tiveram sentimentos. Estive falando com uma menina agora há pouco, ela me contou que a última coisa que lembra foi de uma explosão distante, fumaça e sono. Parece que está havendo uma guerra lá fora.
-O que vai ser feito com todas essas pessoas?
-Não sei, acho melhor deixar o destino continuar se encarregando disso.
19 junho, 2009
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