30 março, 2009

Capítulo 17.

Olhou para trás, certificando-se de que não havia mais ninguém naquele lugar, o que contaria parecia ser perigoso, para ele.
"Muitos se exibem com o passado glorioso que tiveram, com conquistas, realizações, dificuldades superadas. Enquanto outros se envergonham e o esconde mais e mais, antes que vire motivo de piadas, de medo, e também de pena. Acho que escrever um livro nesse lugar é se lamentar do passado, por não voltar atrás, ou ter que encará-lo de frente, sendo sufocado por seus fantasmas e sensações repugnantes. Meu livro fez ter pena de mim mesmo, fui sendo consumido pela própria baixa auto-estima, tamanha covardia... vagabundagem e insegurança, e não quero que outros sintam pena de mim. O que você vai ganhar com isso? Tendo pena do meu passado? Pedindo desculpas e perdão? O que você vai ganhar com isso?!"
- A certeza de estar convivendo com seres humanos de verdade, e não frutos da minha imaginação, com histórias parecidas, lembranças em comum e outros fatores. Talvez... talvez eu te ajude também...
-Não quero a ajuda de ninguém, não preciso disso, sei me virar, estou aqui a tanto tempo e nunca precisei de auxílio, por que agora vou querer?
O menino tirou do bolso papéis em péssimo estado, com algumas letras ilegíveis. Parece que caiu água neles. Entregou para Carmen e saiu andando, ambos tinham a forte impressão de que iriam se encontrar denovo.
Queria muito ler o final da história, mas achava o pano preto no teto prioridade maior. Queria tocá-lo, puxar e ver o céu, ver a liberdade, respirar o aroma da vida. Se realmente estava morta, não havia mais nada que o homem da cicatriz poderia fazer, no máximo encher seu ouvido com asneiras, coisa que ela nunca deu muita confiança e atenção. Fazia tempo que não falava com Aaron, ou Judith, ou Koshir. As amizades, por mais rápidas que sejam, faziam falta, Carmen precisava de qualquer um, seu emocional estava abalado. Sem filha, sem marido, sem estabilidade. Seria ela um fantasma? Seu vestido estava destruído, cheio de rasgos. Um longo que chegava aos pés se tornou um trapo deixando os joelhos de fora. "De que adianta estar vestida como uma socialite se não desfruto de nada mesmo?" pensou. Deveria ir para o salão da Porta de Carvalho. Tantas pessoas neste lugar, nem que seja uma pensava como ela, ou parecido. Provavelmente aqueles que estão recém chegando... mas... onde é a raíz disso? Onde é a origem? Será que Judith sabe?

1 Copos(s):

John disse...

humm...inspiração voltou õ/