-Ela é louca! Louca, estou dizendo!
-Juro pela minha mãe que esta mulher cometeu uma barbárie!
Ao passar pela porta de Carvalho ouvia-se claramente duas vozes femininas, e a cada passo em direção aos corredores, o som se intensificava.
-Você não tem vergonha na cara?!
-COVARDE! COVARDE!
Os três subiram cinco lances de escada de um corredor com livros velhos e gastos e se depararam com uma cena um tanto... exótica.
Duas mulheres prontas para puxar os cabelos uma da outra, ambas aparentemente com menos de trinta anos de idade. Uma estava com o cabelo amarrado e coberto por flores, usando um vestido verde-claro rodado cheio de babados e usava compridas luvas de seda. A outra estava com o cabelo solto, cacheado até a cintura. Usava um vestido simples, marrom e largo. Estava sem calçados.
-Senhoritas! Senhoritas! Por favor, parem com isso! não estão vendo que assustam as pessoas com essa gritaria? Vamos resolver isso pacificamente!
-Muita coragem de um homem ficar no meio de duas mulheres enfurecidas. Disse Carmen, com desinteresse.
-Aquela desleixada roubou o MEU livro das mãos de um pobre garotinho e não quer admitir! Quanta baixeza!
-Ela é uma mentirosa! -Bufou a de cabelo comprido -A conheço melhor que ninguém! Desde quando eramos vivas! Sempre teve inveja de mim por que casei com o coronel. Invejosa! INVEJOSA!
-Senhoritas, por favor... -Implorou Koshir em vão, pois as mulheres ignoravam sua presença.
Eis que Carmen pega o primeiro livro que vê na frente e joga no chão, causando um barulho perturbador, e depois o silêncio de todos.
-Moças, lamento interromper a briga de vocês, mas estou no meio de uma crise existencial e peço a colaboração de vocês para poder haver reciprocidade.
A moça de luvas corou "Você tem o dom da oratória" disse a mesma, "Mas será que realmente pode resolver este problema antes que uma de nós perca os cabelos? Ah! Me chamo Lisbel, a plebéia é Louise."
Lisbel apontou para o garotinho que havia supostamente sido roubado.
-Vão lá -Balbuciou Louise -Perguntem o que quiserem a ele, saberão que sempre estive certa e que esta invejosa só está se lamentando por não conseguir ser tão sociável como eu. Aaron levantou uma sobrancelha.
Carmen foi em direção ao garoto, seguida por Koshir, que estava muito nervoso. A criança estava na ponta dos pés tentando tirar um livro e uma estante, cuidando para não sujar seus cabelos loiros com poeira. Estava vestido com uma toga.
-Posso saber o que vocês querem? Disse o loiro, desconfiado por olharem tanto para ele.
-Meu jovem, por acaso alguém roubou um livro de você?
-Oh, não, não! Acho que houve um mal entendido. Eu peguei um livro meu e entreguei para uma moça interessada em ler, só isso.
-Mulheres, por que não vão direto a raíz do problema ao invés de ficar enrolando e enrolando? Falou carmen para si mesma. Ela agradeceu o garoto e seguiu caminhando na direção oposta.
-Ei, onde você está indo? As moças estão no outro lado!
-Koshir, vá você falar com elas, preciso pensar.
-Cuidado, você vai se perder!
Carmen não deu ouvidos e mergulhou na imensidão de livros.
14 fevereiro, 2009
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