"Você tem idéia do trabalho que você dá, mulher? Se continuar assim não vai ter amigos!", Koshir estava com uma voz preocupada, não se importou se ela estava se machucando ao ser arrastada, só queria levá-la para um lugar com melhor localização. Finalmente pôde se levantar e segui-lo pelos corredores com o livro nas suas mãos , "ao menos tenho 115 páginas para descobrir sobre esse garoto e depois procurá-lo", falou para si.
-Mas você não desiste, né? Tem que tomar cuidado, tem pessoas que não estão aqui para te ajudar, mas sim para... Enfim, preciso pegar um livro nessa estante, não ouse sumir!
Não estava cogitando a possibilidade de fugir, ainda. Abriu o livro na primeira página e deu de cara com uma imagem confusa:
Era um desenho de dentro d'água, sem peixes, sem algas, só água escura, areia e pedras. Podia-se perceber fracos pontos luminosos muito longe, tão distantes que já cansava só de imaginar o percurso. Ná página ao lado tinha uma pequena dedicatória. "Que tudo aquilo que abandonei esteja bem com a minha ausência e que a raiva de todos tenham sido deixadas para trás. Terminou com um rio, ou começou com o mesmo? Dedico este livro aos meus medos e ao meu filho."
Enquanto o homem de turbante se debatia para conseguir pegar um livro maior que a sua cabeça, Carmen deliciava-se com a biografia do garoto, cujo nome não era citado. Ele parecia ter uma infância invejável; Nasceu numa fazenda, vivia viajando ao redor do mundo junto com o seu pai e explorava todos os lugares que podia. Parecia realmente feliz.
Os dois seguiram o caminho até o salão principal, onde tudo estava calmo e parado como sempre.
Koshir despediu-se dela e se dirigiu a uma poltrona perto de uma lareira. Ela sentou em um grande sofá marrom de veludo que afundava, adorava esse tipo de móvel. Devorava o livro, deixando tudo de lado. Saudades, frustrações, dúvidas e angústias.
"13 de agosto, estava eu, sentado embaixo do querido Carvalho que me conhecia melhor que ninguém, para quem sempre contei minhas aventuras, desventuras, lamentos. Ah, se visse o que eu vi naquele momento... Um pôr-do-sol divino, céu alaranjado e rosa, as luzes refletiam nas flores e na grama, fazendo-os parecer uma pintura, assim como ela. Ela, com seu vestido azul balançando suavemente sob a brisa do inverno fresco. Ela, que sempre fez com que minhas pupilas dilatassem e fazia com que surgisse um fundo musical, um violino que chorava baixinho no meu ouvido. É, ela sabe como me sinto, assim como o Carvalho."
09 março, 2009
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